Ali não havia electricidade.
Por isso foi à luz de uma vela mortiça
Que li, inserto na cama,
O que estava à mão para ler-
- A Bíblia em português ( coisa curiosa), feita para protestantes
E reli a Primeira Espístola aos Coríntios.
Em torno de mim o sossego excessivo de noite de província
Fazia um grande barulho ao contrário,
Dava-me uma tendência do choro para a desolação.
A Primeira Epístola aos Coríntios...
Reli à luz duma vela subitamente antiquíssima ,
E um grande mar de emoção ouvia-se dentro de mim...
Sou nada...
Sou uma ficção...
Que ando eu a querer de mim ou de tudo no mundo?
"Se eu não tivesse a caridade..."
E a Soberana Luz manda, e do alto dos séculos,
A grande mensagem com que a alma é livre.
"Se eu não tivesse caridade..."
Meu Deus e eu que não tenha a caridade !
20/12/34
Poesia de Álvaro de Camps, Vol. II, p. 219
Colecção dirigida por Vasco Graça Moura
21 julho 2008
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